sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Caímos no abismo

“O Orçamento nacional deve ser equilibrado. As dívidas públicas

devem ser reduzidas. A arrogância das autoridades deve ser mo-
derada e controlada. Os pagamentos a governos devem ser
reduzidos, se a nação não quiser ir à falência. As pessoas devem
aprender novamente a trabalhar, em vez de viver por conta pública.”
Marcus Tulius, Roma 55 a.C. in “Frases Intemporais”

Cavaco Silva, o mal menor como lhe chamei quando se candidatou há cinco anos para a mais alta magistratura da nação, anunciou na passada terça-feira, dia 26 de Outubro, a sua recandidatura ao cargo.

Com aquele rosto inexpressivo, e no discurso de anúncio daquela recandidatura, fez declarações que, caso o momento não fosse tão grave, daria para rir. Senão vejamos e apenas me vou referir a alguns poucos excertos daquela proclamação:
“…Perante a situação extremamente difícil em que Portugal se encontra, perante as incertezas e até angústias sentidas por muitos portugueses, concluí que tinha o dever de me recandidatar à Presidência da República.
Decidi candidatar-me, sabendo que, com a minha experiência e com os meus conhecimentos, posso ajudar o País a encontrar um rumo de futuro e vencer as dificuldades com que está confrontado”.
Mais à frente afirma peremptório:
“…O cargo de Presidente da República é particularmente exigente e já demonstrei que sei exercê-lo com benefício para Portugal.
Pela minha formação e pela experiência que tenho da vida pública, conheço em profundidade os assuntos de Estado, a situação económica do País e as dificuldades que os Portugueses vivem no seu dia-a-dia”.
Depois a cereja no topo do bolo:
“…Portugal encontra-se numa situação difícil. Mas há uma interrogação que cada um, com honestidade, deve fazer: em que situação se encontraria o País sem a acção intensa e ponderada, muitas vezes discreta, que desenvolvi ao longo do meu mandato?”.
Oh senhor Presidente, a modéstia não será o seu forte. Ou então V. Exa. não sabe o que diz, ou não diz precisamente o que sabe. Ainda há pouco o Professor Doutor Paulo Trigo Pereira, Professor de Finanças Públicas, Associado com Agregação, do ISEG e que tem um curriculum invejável afirmou, numa das televisões generalistas, que as finanças públicas portuguesas, estão completamente descontroladas, que o défice público aumentou desmedidamente nos últimos cinco meses e que o estado, vulgo despesa pública continua a disparar assustadoramente. Caímos no abismo, termina aquele professor.
Comentando as suas declarações, afirmo sem qualquer receio de errar, que V. Exa. contribuiu para a tal situação extremamente difícil em que Portugal se encontra, ou por ignorância, ou por omissão ou por já estar a pensar na sua recandidatura. Qualquer das três é grave!!!
Afinal onde está a sua formação e experiência? E ainda afirma que se não fora a acção intensa e ponderada, muitas vezes discreta, que desenvolveu ao longo do seu mandato, o país se encontraria numa situação pior.
Ora valha-me Deus senhor Presidente. V. Exa. não fez foi nada, deixou “correr o marfim” como sói dizer-se, em vez de dissolver o Parlamento e mandar para a Venezuela ou para o Irão o bando de incompetentes que fazem parte do denominado governo de Portugal, pois nem me atrevo a sequer aventar a hipótese de afirmar “de quem nos governa”.
A sua visão de futuro seria outra bem mais prosaica. V. Exa. estava preocupado consigo próprio e os portugueses que se lixassem.
Por bem menos o seu antecessor, Jorge Sampaio dissolveu um parlamento maioritário que apoiava um governo em funções há apenas seis meses. E V. Exa. sabe com que finalidade. Colocar lá este incompetente que nos atirou para um caminho sem retorno. Ambos, V. Exa. por omissão e Sampaio por acção são cúmplices deste desmando a que chegámos.
E agora senhor Presidente? Como já o afirmaram vários economistas, vale mais não termos orçamento do que termos um execrável gerido por incompetentes. Pode ser que Sócrates uma vez na vida cumpra o que prometeu: Se vá embora. Aliás ele está “mortinho” para arranjar um pretexto para o fazer, pois não consegue desatar o nó górdio em que nos meteu.
Uma última mensagem para V. Exa.: Em Janeiro de 2006 votei em si, afirmando sem rebuços que o faria por ser o mal menor. Pode ficar certo que desta vez não terá o meu voto. Ficarei em casa a ruminar a minha desilusão e o meu arrependimento.

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